O estilista pernambucano Melk Z-Da tem uma paixão declarada por tecidos leves , formas amplas, volumes orgânicos, texturas e nervuras. Suas roupas vem sempre marcadas por um quê experimental , responsáveis por causar impactantes imagens de moda, fantasias, mas muita vezes pouco desejo comercial. Fato que o próprio estilista parece estar tomando consciência, já que desde sua coleção passada, começou a limpar seu visual, deixando sua excentricidade as vezes quase cerebral, restritas a alguns looks e mesmo assim de maneira bem equilibrada. com a barba em degrade Para o verão 2010, Melk continua firme e forte nesse caminho. Sua coleção falava de coletes à prova de bala, cartucheiras e das diferentes armas utilizadas hoje em dia. Isso, e jujubas. “O tema estava ficando muito pesado, e para dar uma quebrada resolvi usar jujubas em referência mais poética as balas de revólver”, contou o estilista momentos antes de seu desfiles. Na passarela o conceito ficou ainda mais evidente. O delicado trabalho de volumetria e textura vem agora em clara referência as cartucheiras ora em maxi pregas e dobras, ora em pequenas dobraduras como saia de crepe metalizado cinza. Os coletes à prova de bala – principalmente suas alças e fechos – apareciam completamente desconstruídos e aplicados quase como um patchwork em vestidos, blusas e saias, sempre tem tecidos leves. As balas, as doces no caso, são responsáveis por dar um pouco mais de cor a cartela de cores repleta de cinzas e marinhos. Começando com o bom vestido amarelo com cristais cobertos por uma camada de organza, seguido pelo blazer com a mesma técnica só que com camada de tule. “Essa coleção fala das mulheres guerreiras, das amazonas, que são fortes como as mulheres de hoje”, disse Claudia Simões no camarim antes de seu desfile repleto de referências aos anos 80. Foi desta década que a estilista tira boa parte das silhuetas e modelagens que aplica em seu verão 2010, todo em tecidos naturais e com algumas estampas mais orgânicas com as de vitória-régia ou outras mais gráficas e abstratas em vestidos soltos, com volumes assimétricos. O ponto alto do desfile, contundo, são os vários blazers que aparecem em diferentes modelagens, sempre com ombros bem marcos, mas sem exagero. Tem desde versões reduzidas, mais próximas ao corpo e levemente acinturados – como o branco listrado -, até os tão em alto boyfriend jackets, em proporções bem masculinas – como o rosa bem alongado ou o sem mangas bege em jacuard de linho. Aliás, é do guarda-roupa do sexo oposto que sai boa parte das peças de referências de alfaiataria desta coleção. Bermudas largas pregueadas, camisas em tecidos leves e formas mais amplas e calças bem soltinhas e com barra mais curta ou simplesmente enrolada (dá-lhe boyfriend pants). Essas, assim como as várias saias de modelagem seca vem sempre com cintura alta e bem marca, as vezes até com alguns babadinho sobrando na parte de cima do cós (tipo uma mini clochard). Se a intenção é mostrar uma coleção super de acordo com as tendências do momento, com boas peças prontas para vida-real, dever cumprido. Mas não estamos vendo essa onde 80´s, e das roupas dos namorados há algum tempo, não? Será que quando essa coleção chegar a loja já não vamos querer outras coisas? E mais ainda, a gente não espera sempre um pouco mais de novidade do que mera reprodução das vontades do momento? As fotos eu subo depois, tá?
0 Comments
Pronto, voltei. Desculpem o sumiço, mas é que estou mudando de casa essa semana, então estou enlouquecido com toda essa função. Mas vamos voltar ao SPFW que terminou na última segunda-feira (22/06), como todo mundo já deve estar sabendo. E no fim, não sei bem se o saldo foi positivo ou negativo. Quer dizer, sei sim. Foi positivo mas quase nulo, já que no fim das contas, foram poucas as marcas que fizeram nossos olhos brilhar, com imagens poderosas, mas que também não deixavam as roupas de verdade fora do jogo. Penso que o melhor exemplo disso seja Reinaldo Lourenço com sua coleção inspirada no café. Ali o estilista conseguiu apresentar uma roupa incrivelmente bem cortada, com um dos melhores acabamentos que ao mesmo tempo que produziam uma imagem encantadora, não esquecia das consumidoras da marca. Por mais que as roupas possam sofrer algumas alterações para chegar na loja – os tão famosos desdobramentos comerciais – boa parte do que foi visto ali pode facilmente ir direto para as clientes de Reinaldo. Pode-se dizer o mesmo da coleção especial de Gloria Coelho, onde a delicadeza e feminilidade vem aliada à uma estética futurista, com formas bem definidas e aquela inovação têxtil que sempre marcam os trabalhos da estilista. Alexandre Herchcovitch é um caso a parte. Sua coleção arrancou suspiros de consumidores, jornalistas e compradores, marcando uma retomada do seu lado mais experimental que a tempos não se via de forma tão explícita na passarela. As formas maximizadas tiradas dos uniformes esportivos como rugby e futebol americano servem de metáfora para o estilistas falar de moda, da atualidade e de nossas próprias vidas. Porém, há quem diga que faltou o lado mais real, de roupas para vida real. Por mais que todo mundo saiba que a coleção vai receber bons desdobramentos comerciais para chegar nas lojas, Alexandre é um daqueles estilistas que já provou toda sua habilidade técnica e que também já sabido haver uma boa estrutura de produção e distribuição para dar suporte a marca. Então, nada mais lógico do que usar a passarela para expressar uma idéia, uma visão sobre determinado fato ou período, o que faz com que a critica também olhe para a coleção com um olhar diferente, mais voltado para o lado criativo do que para as roupas de fato. Afinal, isso a gente sabe que não vai faltar nas lojas. No demais, a arma que muitas das marcas estão usando para atrair consumidores é se concentrar no produto. Roupa para vida real, com bom acabamento e materiais de qualidade. Parece que os reflexos de crise só chegaram por aqui nesta temporada, o que pode explicar a escassez de novas idéias e falta da ousadia de muitas marcas. E se roupa não dá conta de produzir um show por completo, melhor recorrer a um cenário que ajuda a enaltecer as peças da coleção. Foi o que a Cavalera fez ao escolher o asfalto do Minhocão como sua passarela. A locação não podia ser melhor, afinal é a própria cidade de São Paulo com todo seu mix étnico e cultural serviu de inspiração para a grife de streetwear. A roupa em si, é bem básica, totalmente dirigida ao público a marca. Nada além e nada aquém do que se espera da marca. Camisetas com estampas divertidas (a bandeira de São Paulo escorrendo tinta), jeans clarinhos com modelagem confortável, alguns sarouel com abotoadura lateral, vestidos soltinhos estampas, e até uma boa estampa de nuvem em tie-dye nos jeans. Se não fosse toda a comoção, o cenário a coleção não ia ter tanto brilho assim. Que foi o que aconteceu com a Ellus e com a Maria Garcia. Todas apresentaram coleções apostando pesado no lado comercial, onde o foco no extremo no produto, fez com que a coleção perdesse consideravelmente o frescor de moda. E isso principalmente na Ellus, que na coleção passada mostrou que sabe fazer inserir boa informação de moda, sem desviar o produto de seu foco e público alvo. Aliás, a 2nd Floor foi a marca que melhor fez isso. Com bom styling de Letícia Toniazo, a marca traz roupas pronta para vida real, mas cheias de frescor. Com um dos melhores jeans delavê da temporada, a marca aposta nas principais vontades domomento, como a silhueta mais soltinha, as jaquetas de ombros marcadinhos, os tons lavados, mas sem parecer um mero pout-pourri de tendências do WGSN. |
Details
Autor
Click here to edit. ArchivesCategories |